Crônica: Simplesmente Madridista

Há alguns meses fui assistir ao clássico GreNal aqui do Rio Grande do Sul junto com alguns amigos, tanto colorados como gremistas, e fiquei no meio da efervescência que é assistir a uma partida tão importante junto a torcedores fanáticos. Certo momento perguntaram pra qual dos dois times eu torcia, e eu respondi simplesmente que para nenhum, que eu era madridista “hasta el final”. Pronto, começaram os conhecidos deboches e insinuações de que o Real Madrid era meu time somente por causa do Cristiano Ronaldo e do Kaká.

É difícil ser uma mulher apaixonada por futebol, ninguém acredita que você realmente gosta do esporte, e que não é só mais uma tarada por coxas e homens suados, e torcer para uma equipe estrangeiro é algo ainda mais complicado, ainda mais sendo um time como o Real Madrid, e todos tendem a achar que você é uma “madridista” somente em consideração aos rostinhos bonitos da equipe e por ela ganhar tudo.

Real Madrid é muito mais que Casillas, Raúl, Hierro, Butragueño, Sánchez, Di Stéfano, Santiago Bernabéu; nenhum clube se torna vitorioso contando somente com um ou dois jogadores habilidosos, nenhuma camisa se torna lendária tendo apenas um artilheiro, e nenhum escudo se torna imortal em consideração ao trabalho de somente um técnico. O Real Madrid cresceu até conquistar o mundo com a união, com o esforço conjunto de incontáveis jogadores, impulsionado pelo amor dos torcedores pelo clube todo, e não somente por uma parte dele.

O time merengue tem escudo, camisa, hino e história, e quando Cristiano Ronaldo, Xabi Alonso, Sergio Ramos e outros jogadores famosos forem embora do clube, outros tão fundamentais surgirão, e assim a lenda merengue prosseguirá, tão intacta quanto é agora. E como dizem por ai, e eu acho que é a frase mais acertada do futebol, é que o escudo que vem na frente da camisa sempre tem que ser mais importante que o nome atrás dela. Jogadores vem e vão, não importa quão lendários eles sejam, um dia seu momento no time acaba; porém o clube não. E não importa quantas oscilações, derrotas e fracassos aconteçam, o Real Madrid sempre ressurgirá com a força que a sua camisa branca conquistou ao longo das décadas. No dia um jogador se tornar maior que o time, enterrasse todos os anos de luta e se desfaz o clube, pois não há mais razão de existir uma equipe de futebol que se concentre no um e esqueça o todo.

E é com essa certeza de conjunto, com essa paixão pelo peso do escudo que prestigia cada camisa do Real Madrid, que as esperanças aumentam para esta nova Liga dos Campeões que se inicia, e que amanhã contra o Dínamo de Zagreb seja o pontapé inicial para os merengues rumo à décima, rumo a taça que não ganhamos desde 2002, rumo ao ressurgimento do maior campeão da história da Liga dos Campeões nesta mesma competição que o ajudou a consagrá-lo como a melhor equipe do mundo.