16 de junho de 2011

Apelidos de boleiros

Eu sou daquelas pessoas do tipo nostálgica, que sente saudades de épocas em que sequer minha mãe era nascida. Como fã de futebol um dos fatores que adoro, e que lamento não ter vivido para presenciar, é o uso constante de apelidos criativos nas décadas passadas. Antigamente denominar jogadores por apelidos era tão comum quanto hoje em dia são as chuteiras coloridas. Se eu mencionar para um idoso (mesmo que não seja profundo conhecedor do esporte) sobre um certo “Diamante Negro”, ele prontamente vai relacionar o nome ao de Leônidas da Silva antes de pensar na marca de chocolates. Apelidos como Galinho de Quintino (Zico), Major Galopante (Puskas), Peito de Aço (Vavá) e El Negro Jefe (Obdúlio Varela) concederam a grandes jogadores um modo diferente para fazer-se lembrar, uma alcunha para quando seus nomes na certidão de nascimento não fossem o suficiente para demonstrar suas habilidades únicas Essas formas de homenagem caíram no gosto popular e criaram uma forte associação entre o homenageado e seu apelido, e tais nomenclaturas podem soar um tanto tolas hoje em dia, contudo nas décadas passadas eram desígnios dos super-heróis das torcidas, nomes tão criativos e memoráveis como seus homenageados.

Não é incomum ver desiludidos com o futebol dos tempos modernos, criticando que o mesmo tornou-se basicamente de cunho financeiro, que o amor ao dinheiro sobrepõe ao da camisa e que o futebol-arte perdeu-se na década de 70, de tal forma, que nem Sherlock Holmes conseguiria encontrá-lo novamente.

Atualmente o uso de apelidos não é tão corriqueiro. Poucas vezes vejo chamarem o Messi de “Pulga”, apesar de achar um apelido perfeitamente adequado. Já o vi chamarem até mesmo de Topo Gigio, mas o “Pulga” não foi tão aderido, assim como tantos outros apelidos que se perderam no limbo das torcidas entusiásticas. E se a criação de novos apelidos não é muito comum, ao menos temos os antigos para lembrar tantos boleiros que marcaram a história do futebol e, assim como Garrincha, foram literalmente à alegria do povo.


Mané Garrincha
, cujo nome de nascimento é Manoel Francisco dos Santos é uma dessas impossibilidades que o destino teima em tornar real. Garrincha tinha a perna direita torta e maior que a esquerda, o que dificultava seu andar normal, contudo assombrosamente não seu futebol genial. E mesmo com tais problemas físicos, o ponta-direita do Botafogo tornou-se um dos melhores boleiros de todos os tempos, dono de uma capacidade de drible única, e habilidade surpreendente. Em suma, um gênio das pernas tortas.


Pelé, nascido Edson Arantes do Nascimento, dispensa apresentações: considerado o maior atleta do século 20, o brasileiro não é por acaso chamado de Rei do Futebol, e o apelido da nossa majestade deriva de algo infantil e simples. O pai de Pelé, Dondinho, atuava em um time onde o goleiro era chamado de Bilé, e o jovem Edson não conseguia pronunciar o apelido do jogador com clareza, denominando-o Pilé. Edson, ainda criança, dizia que queria ser um goleiro tão bom quanto Bilé, por isso sua família acabou o apelidando de Pilé, contudo quando se mudaram para Bauru seu "segundo nome" tornou-se o que é hoje uma das expressões mais fortes do futebol: Pelé.

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